domingo, 23 de outubro de 2011

toda essa gente

então, pode vir, vem descansar comigo e com ele, venha com ele cansado ou descansado, por que essas coisas contaminam, daqui vamos sair, pra havana ou pro rio, pra voltar, depois de partir, como já é de costume por aqui, vamo junto, com certeza e com leveza pesada e amarrada, apenas a si, pra equilibrar, gosto assim, gosta também? então vem. tem melodia, tem baixo, tem vento, e quando eles chegam formam a farinha da orquestra, depois vão, vai também, eu fico aqui, só eu e ela no ar, pra lá e pra cá, sorrindo, como se chegasse em são paulo sozinha pra morar em uma quitinete acinzentada de dia e amarelada de noite, com a alegria de desenhos feitos em fotografia com lanterna e o sabor de mais de um milhão de pequenos períodos de silêncio achados no espaço entre cada palavra, cada letra, cada linha, cada ponto, cada pixel, cada código, cada célula, cada onda do espectro eletromagnético, tan, tan, tan, tan, tan, tan.... daqueles que só encontra quem inventa a poesia do cosseno de sessenta, e que disso se alimenta... que saudades de moçambique e da sua música envolvente, foi bom conversar com buda ele é demais e adora viajar, queria tanto pular em câmera lenta... bora tentar?

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

um vício que quando pára não consegue começar
iludida desilusão
pra tudo e pra sempre, 
o cheiro da chuva
e a xícara de café
a chama

domingo, 16 de outubro de 2011

faça o meu amor

ei, você
deixa o meu amor pintar a tela
deixa pingar, suar, sair
pra fora dela
mudar de cor
do vermelho para o azul


pára e captura o instante nu

virou fotografia amarela
de longo tempo
contínuo e seco
ambíguo, incerto
do lado de dentro
da janela


com desfoque emocional
pela aérea retina
fuga de qualquer carnaval
vão as cores, vai embora
fecha a cortina
ainda não é hora
do amor e do vento entrar
no quintal quero apenas
o som das flores e folhas 
a girar


volta
por que a tela
de tão bela
ganhou moldura
cuida
e não deixa a exposição de domingo 
passar

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

guarapa

perfeito será
não pra mim
de proveito será
pra alguém
até o fim

afrika bambaataa
yellow submarine

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

já visto


o que antes fora considerável
mantido foi por ignorância
ao tempo e à correnteza dos fatos

fracionou-se por completo em três atos 
de palavra equivocada
às demais frações do ser, contada
numa ode ao id, permitida

e por uma fração de liberdade,
em queda,

amortecida


como se fosse de verdade.

não bastante
o que já era previsto,
planejado e com gosto medido
aqui me permito
deixar assim, diluído


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

de leve

me queima, sopra, seca
contrasta ao peso do passado
o movimento da pena
à saltos calmos
agora presa
de um quase vôo

escrevo
trato
cuido das formas de amar
saúde
do amor que é para si
e daí
para o mundo
que vai,  não cerca
se soma, não completa
quando escapa pelos poros
se aperta
arranca a grama e sente a terra
a raíz, bagagem leve
transcende a matéria
é velho, não envelhece
molha, ferve, aquece
se for insípido, inodoro e incolor
não é de amor

Tropêssego

um abraço, eu caio
uma verdade, me calo
uma paixão, me corrói
mais uma vez,
tropeço: chega de abraço.
não quero
não peço
eu passo