quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

tomatinho cereja

um copo de espírito
um pouco de além

máquina de riso:
prepara-te, é pulo
de calor e de saudade.
ondula-te, é mar


e a quem
por pouco espírito
poema pra trepar,
um copo de além.

poema, iemanjá
(a prece)

domingo, 26 de agosto de 2012

domingo, 1 de julho de 2012

pitchulismo

picardia s.f. "Em toda a sua totalidade de cores e gudi vaibs, tens a castimônia de negar-me um cafuné?! Não venha depois me convidar pra dança doida maluca espetaculosa nenhuma. Pois a esta não se compara o sincero remelexo de um xequerê! Desse amor aí riô tu não sabe, não entende, não tens o borogodó! De verdade, de vontade, não me desande, hoje não tem!"

Escancaradas quase todas as janelas, silenciava-se a rotineira melodia que dava o tom ao uso dos preservativos - para a infelicidade carnal, coletiva, matrimonial e por vezes extra-conjugal daquele edifício.

Na madrugada de segundo de abrolhos de doismilinove, os condôminos da rua Carmelina Araçá não ouviram A Grande Folia dos Poros.

Tome ciência: não por desinteresse e, como consequência, um falso sossego e lamentável falta de assunto para as primeiras horas de resmungo da manhã seguinte àquela tremenda picardia.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Oto se encantou por Odete

Oto disse que era bonita
que era bonita, que era bonita
Odete disse que a lembrasse do céu
Oto respondeu que gostava de ficar com ela
(já que gosta de ficar comigo,
porque não convida pra fumar um pito?)

Oto falou que morava encostado no sebo, na rua... aquela que curva
Odete naquela ruazinha feia, na última vez ali com Omero,
mediu odisséias para cada palavra em método gasto de receio,
como aquelas palavras do sebo.

Com Oto se sentia em casa,
Com Oto palavras, nunca meias.

Oto e Odete pela rua sete,
nariz beliscando pele
boca fecha mostra olho
Como na receita, o mesmo gesto
Oto com ar de quem era do todo
e de Odete,
ao mesmo tempo em que era leve, livre
dela
e do resto.

devagarinhas

É de uma pressa deliciosa que não sei de onde vem
e ao mesmo tempo de um carinho imenso
por ele, o tempo

um zelo que de tempos em tempos não há
por que nessas horas é preciso querer, querer - pra (des) equilibrar

pobre do tempo, morro de dó
condenado a prever sem porquê de acabou

é direção - o primeiro culpado
acham que é dinheiro
o pobre do tempo, 
coitado

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

de lápis

jura que o brigadeiro foi pra arrepiar
e não pra acalmar.
a louça foi pra máquina
pi, pi, pi
logo, a espuma ensaiada
trouxe um traço
de verso preguiçoso
de quem acha bonito
quando orelhas femininas
escondem fios envergonhados
e que no fundo
acham aquilo o máximo
satisfeitas
pelo corar natural das irmãs bochechas
cuida do fundo
que ele cuida de trazer respostas caretas


domingo, 23 de outubro de 2011

toda essa gente

então, pode vir, vem descansar comigo e com ele, venha com ele cansado ou descansado, por que essas coisas contaminam, daqui vamos sair, pra havana ou pro rio, pra voltar, depois de partir, como já é de costume por aqui, vamo junto, com certeza e com leveza pesada e amarrada, apenas a si, pra equilibrar, gosto assim, gosta também? então vem. tem melodia, tem baixo, tem vento, e quando eles chegam formam a farinha da orquestra, depois vão, vai também, eu fico aqui, só eu e ela no ar, pra lá e pra cá, sorrindo, como se chegasse em são paulo sozinha pra morar em uma quitinete acinzentada de dia e amarelada de noite, com a alegria de desenhos feitos em fotografia com lanterna e o sabor de mais de um milhão de pequenos períodos de silêncio achados no espaço entre cada palavra, cada letra, cada linha, cada ponto, cada pixel, cada código, cada célula, cada onda do espectro eletromagnético, tan, tan, tan, tan, tan, tan.... daqueles que só encontra quem inventa a poesia do cosseno de sessenta, e que disso se alimenta... que saudades de moçambique e da sua música envolvente, foi bom conversar com buda ele é demais e adora viajar, queria tanto pular em câmera lenta... bora tentar?